Texto para o desfile da "semana da pátria na Restinga", em 02 de setembro:
No dia 12 de agosto nosso aluno Juarez Fernando Oliveira Weber estava em uma lan house, na Restinga, às onze horas da manhã, e foi brutalmente assassinado. Ele não foi o único dos jovens da Restinga assassinados. São dezenas todos os anos.
Por isto estamos aqui nestre desfile vestidos de preto. O preto demonstra nosso luto pelo Juarez e por todos os jovens que morreram em meio à violência espalhada pelo bairro. Nosso luto é em respeito às famílias que choram seus filhos perdidos.
Nossos rostos estão pintados em forma de protesto.
Segurança já! Esta é nossa palavra de ordem!
Não estamos aqui para pedir. Estamos exigindo! É um absurdo que nossos jovens não possam caminhar livremente e em paz por nossas ruas.
A Restinga, um dos maiores bairros de Porto Alegre, só é bem tratada nas propagandas dos políticos. Na vida real a Restinga é carente de todos os serviços.
Basta caminhar pela Restinga para se observar o abandono. Mas o pior dos abandonos é a falta de segurança. O pior dos abandonos é não podermos caminhar em paz pelas ruas do bairro.
Uma pátria com medo não é uma boa pátria de se viver. Por isto estamos de preto. Por isto nossos rostos estão pintados. Por isto estamos desfilando em silêncio. Não há o que comemorar no dia de hoje.
Estamos aqui para protestar e exigir dos governos que façam seu trabalho. Não vai haver paz enquanto o Estado estiver ausente.
Não queremos a paz dos cemitérios!
Queremos a paz de caminhar sem medo, de estudar sem medo. A paz de andar livremente pela Restinga.
Estamos de preto e com os rostos pintados em protesto. Protesto contra os governos que esqueceram de nós. Nosso silêncio no Desfile da Semana da Pátria é um protesto. Não é esta a pátria que nós queremos!
Chega de violência! Segurança já!
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